Indústria 4.0 para as PMEs? Sim, é completamente possível
A Indústria 4.0, apesar de já ter se provado extremamente eficaz, ainda esbarra em algumas barreiras quando aplicada ao cenário brasileiro – falta mão de obra especializada, pouca infraestrutura, inexperiência na transição e os altos impostos também não ajudam na hora de dar o pontapé inicial na inovação.
Além disso, as tecnologias do modelo 4.0 ainda são pouco conhecidas pelo pequeno e médio empreendedor, tal como constatado na pesquisa “Indústria 4.0: novo desafio para a indústria brasileira”, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), onde 57% das pequenas empresas afirmaram desconhecer tais tecnologias.
Apenas 2% das empresas brasileiras praticam conceitos da Indústria 4.0, segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao Ministério da Economia. Na China, Estados Unidos e União Europeia estima-se que esse número chegue a 50%. Na Índia e Paquistão são cerca de 25%.
Tais dados, analisados em conjunto, evidenciam a importância de sair na frente do mercado e adquirir, assim, uma vantagem competitiva perante ao mercado.
Mas, afinal, por onde começar?
Antes de mais nada, é preciso ter em mente que, para entrar na Indústria 4.0, não é preciso jogar tudo fora e começar do zero, nem mesmo fazer altos investimentos. Através de um olhar crítico sobre o equipamento, já é possível se inserir nessa nova revolução industrial.
Por meio de retrofits, por exemplo, é possível modernizar alguns equipamentos visando adequar a sua planta às tecnologias da Indústria 4.0. Retrofit é o termo utilizado para designar o processo de modernização de uma máquina ou equipamento. Geralmente, o retrofit consiste na troca de comando eletrônico, CLP, IHM, inversor de frequência, motor elétrico, dentre outros. Entretanto, considerando as ideias da Indústria 4.0, pode envolver também a instalação de novos sensores e softwares (internet das coisas) capazes de gerar dados sobre o funcionamento e o volume de produção da máquina.
Gerar dados, aliás, é o primeiro passo para quem deseja entrar na era da Revolução Industrial 4.0. Esses dados podem ser armazenados na nuvem e ficar disponíveis para análise em tempo real. Se bem interpretados, permitem compreender melhor o processo produtivo e prever comportamentos futuros, gerando o aumento da eficiência e da produtividade.
Como falado, coletar e analisar dados são os primeiros e importantes passos, em seguida, é possível incluir gradualmente novas tecnologias que irão agregar ainda mais à sua produtividade. Utilizar o big data e analisar os dados através de inteligência artificial são alguns exemplos. Conectar as suas máquinas de maneira que elas funcionem de acordo com os dados analisados é outra evolução. E por aí vai…
1 – Identifique os principais problemas
Nem só de tecnologia vive a Indústria 4.0. Se não houver um bom plano estratégico por trás do investimento em treinamentos e programas, ela pode ser em vão. Portanto, antes de olhar para qualquer solução técnica, é necessário identificar quais objetivos podem ser buscados com o auxílio da tecnologia.
Ao fazer isso, os gestores irão efetivamente observar o que está acontecendo com a indústria e compreender todo o cenário interno e externo acerca desses problemas constatados. Nesta jornada inicial de diagnóstico dos principais problemas, é necessário que a empresa entenda perfeitamente todos os seus processos e como eles se relacionam. Muitas vezes é preciso olhar de maneira macro, buscando observar até mesmo o que não se considera efetivamente um problema, exatamente porque novos processos e tecnologias podem melhorar também o que está funcionando bem.
Ou seja, é preciso ter uma visão 360º e isso pode ser feito com uma equipe interna que deve ser formada para discutir o tema.
2. Defina Recursos Necessários
A indústria 4.0 exige infraestrutura para ser realizada. É preciso definir os recursos necessários (capital, tecnologia, infraestrutura, pessoas e processos). Algumas empresas acabam investindo recursos – sejam eles financeiros, de tempo ou humanos – em investimentos desnecessários, exatamente porque não conseguem comprovar o valor das tecnologias empregadas. Como resultado, desistem do processo e acumulam vastos prejuízos.
Definir os recursos auxilia a compreender se efetivamente a empresa tem condições de abarcar com o que se precisa e, de maneira mais inteligente, adequar-se a essa realidade. Inclusive é essa uma das premissas da Indústria 4.0: a Lean Manufacturing, que significa evitar desperdícios para aumentar a produtividade e otimizar processos.
Para que a implementação seja bem-sucedida, a empresa precisará reunir quatro dimensões estratégicas: organização, pessoas, processo e tecnologia. As novas estruturas organizacionais poderão incluir:
- Laboratórios de inovação: para proteger e desenvolver novas ideias;
- Centros de excelência: para capacitar os colaboradores e desenvolver ideias com uma equipe multidisciplinar.
Para quem não tem experiência com tecnologia, procurar uma consultoria pode ser uma boa saída. Há muitas empresas que podem ajudar com uma análise de como melhorar o desempenho fabril, apontando os melhores caminhos para a indústria 4.0.
3. Análise a Automação Existente
O terceiro passo é a análise da automação existente e atualização das máquinas defasadas, a fim de que elas se enquadrem nas tecnologias atuais. A atualização dos sistemas legados ou máquinas antigas através da implementação de sensores IoT, gateways e protocolos é uma das principais soluções para a conectividade necessária para a implantação da indústria 4.0.
Isso não significa a substituição de todas as máquinas da empresa, mas sim uma melhoria da comunicação e dos processos ali envolvidos. Nem sempre trocar uma máquina mais antiga por uma mais nova irá solucionar a questão da automação.
4 – Crie Projetos Pilotos
Implementar conceitos da Indústria 4.0 é uma tarefa desafiadora. Esse é um trabalho duro e de superação, principalmente na fase inicial. Isso acontece pelo impacto que a mudança digital pode proporcionar para as operações do negócio. Por isso, o quarto passo é a criação de projetos pilotos que serão usados como testes para futuras implementações.
Quando empreendemos, é normal querermos investir em projetos inovadores e aplicá-los imediatamente nos processos da empresa. No entanto, é preciso ter calma e ir devagar em toda essa adaptação. Projetos pilotos ajudam a compreender a realidade e manter os pés no chão, evitando implementações que não geram resultados significativos ou então sem possibilidade de análise efetiva da transformação.
Os resultados servirão de parâmetro para que você tenha uma estimativa do investimento inicial e até as previsões para a expansão das operações para implementar a Indústria 4.0. Começar pequeno para crescer com segurança é um dos lemas!
5 – Implemente e Avalie os Resultados
Por fim, o quinto passo é a implementação e avaliação dos resultados para futuras expansões. E sabe o motivo disso? Porque a indústria 4.0 demonstra que os processos estão em constante atualização. Sendo assim, a implementação irá requerer de você uma avaliação cotidiana de tudo o que está sendo desenvolvido.
O ideal é que as métricas de avaliação dos resultados sejam definidas justamente nessa fase experimental. A opção de se fazer uma implementação inicial pequena é justamente para que se possa abandoná-la caso não funcione.
A partir desses relatórios que sua empresa conseguirá mensurar o que ainda precisa melhorar e o que está funcionando muito bem. Afinal, o sucesso depende exatamente disso.
Benefícios de implementar a Indústria 4.0
A lista de benefícios para implantação da Indústria 4.0 cresce mais a cada dia. Isso porque, através dela, a capacidade operacional das empresas – pequenas, médias e grandes – aumenta à medida que as novas tecnologias passam a ser usadas.
Confira outros pontos positivos da mudança:
- Geração e análise de dados em alta velocidade;
- Virtualização de informações que permite rastreamento e monitoramento de todo o processo;
- Descentralização do trabalho;
- Integração de processos;
- Novos modelos de negócios;
- Competitividade de mercado;
- Aumento da eficácia produtiva;
- Potencialização da inovação;
- Reaproveitamento de recursos;
- Ganho de satisfação dos clientes;
- Mais velocidade para responder às demandas do mercado e perceber a movimentação da concorrência, etc
Conclusão
Antes de qualquer decisão, é preciso modificar uma coisa em sua empresa: a forma de pensar, pois a Indústria 4.0 traz muitas novidades no chão de fábrica, as quais devem ser acompanhadas pelos gestores e líderes da companhia.
Há mudanças em processos, logo, a produção passa a ser vista sob um olhar mais analítico, baseada em dados estratégicos. Esteja ciente disso e busque ficar por dentro do que há de mais atual sobre o tema!
Sabendo disso, o próximo passo é analisar os recursos disponíveis para investimento. Visto que a economia brasileira ainda está longe da alemã, onde surgiu o conceito de Indústria 4.0, e também não existem tantas ofertas de automação no mercado, o ideal é adaptar-se gradualmente.