Uso de tecnologias digitais na Indústria brasileira avança em 5 anos
A Indústria brasileira está mais digital que cinco anos atrás. O resultado está na Sondagem Especial Indústria 4.0: Cinco Anos Depois, feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A pesquisa foi realizada com mil pessoas e identificou a adoção de 18 tipos de tecnologia.
Em 2021, 69% das empresas industriais já utilizavam pelo menos uma tecnologia digital em uma lista que apresenta 18 diferentes aplicações. Em 2016, as empresas que faziam uso de alguma tecnologia digital eram 48%, em uma lista com 10 opções.
Contudo, a maioria das empresas utiliza uma baixa quantidade de tecnologias digitais, indicando que se encontram em uma fase inicial do processo de digitalização. Mais da metade das empresas industriais não utiliza nenhuma tecnologia digital (31%) ou utiliza entre 1 e 3 tecnologias digitais (26%). As empresas que utilizam 10 ou mais tecnologias digitais são apenas 7%.
O tamanho da empresa influencia o seu nível de adoção das tecnologias digitais
Quanto maior o porte, maior o uso de pelo menos uma tecnologia digital. Entre as grandes empresas, 86% usam pelo menos uma das 18 tecnologias listadas (gráfico abaixo). Entre as médias, o percentual cai para 64% e, entre as pequenas, para 42%.
O porte da empresa também afeta o número de tecnologias adotadas. Quanto maior a empresa, maior esse número. O percentual de empresas que utilizam até 6 tecnologias entre as empresas de grande porte é cerca de uma vez e meia maior quando comparado com a utilização entre as de pequeno porte. A diferença aumenta para quinze vezes quando observada a utilização de 10 ou mais tecnologias.
Setor automotivo é o que emprega maior variedade de tecnologias
O setor de Equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos se destaca, com 88% das empresas utilizando pelo menos uma tecnologia digital, seguido pelo setor de Biocombustíveis (81%) e Sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal (HPPC) (80%). Entre os setores onde há menos empresas utilizando pelo menos uma tecnologia digital, se encontram o de Produtos de minerais não metálicos (44%), seguido pelo de Couros e artefatos de couro (45%) e Impressão e reprodução de gravações (46%).
Contudo, os setores que aparecem no topo desse ranking não necessariamente são os que utilizam as tecnologias digitais mais intensamente. Por exemplo, enquanto no setor de Veículos automotores, reboques e carrocerias 35% das empresas utilizam 7 ou mais tecnologias digitais, no setor de HPPC, essa quantidade se limita a 8% das empresas.
O setor de Veículos automotores, reboques e carrocerias se destaca como o setor que utiliza o maior número de tecnologias digitais. Aproximadamente 8% das empresas do setor utilizam pelo menos 16 tecnologias digitais, enquanto o setor de Químicos (exceto HPPC) fica em segundo lugar, com 3% para essa faixa de tecnologias utilizadas.
Principais entraves à implementação da indústria 4.0
A pesquisa mostrou que entre os principais entraves para investir em processos tecnológicos pelas indústrias está o custo de implementação, barreira apresentada por 66% das empresas. Em seguida, como entraves apontados por 25% das empresas, vêm empatados a falta de conhecimento, a clareza sobre os retornos das tecnologias adotadas e a estrutura e cultura da empresa.
Do total de empresas pesquisadas, duas a cada 10 empresas (20%) apontaram também como entrave a falta de linhas de financiamento apropriadas para investimento em tecnologias digitais. Outro entrave apontado por 37% das empresas foi a falta de profissionais qualificados. Em seguida, a dificuldade para identificar tecnologias e parceiros foi citada por 33% dos entrevistados. E para 29% das empresas, o fato de o mercado (clientes e fornecedores) não estar preparado também é um desafio para a adoção de novas tecnologias.
Busca por maior customização do produto cresce com a digitalização
O uso da digitalização continua focado na melhoria de processos industriais. A automação digital com sensores para controle de processos se manteve a principal tecnologia em uso na indústria brasileira: 46% das empresas a utilizam, contra 27% em 2016. Considerando as 10 tecnologias mais utilizadas, sete são voltadas para o processo produtivo.
Os diferentes tipos de automação digital (sem sensores, com sensores e com identificação de produtos e condições operacionais) se destacam entre as tecnologias de processo produtivo mais utilizadas. A utilização da automação digital com sensores para identificação de produtos e condições operacionais/linhas flexíveis mais do que triplicou desde 2016, passando de 8% para 27% em 2021.
Esse aumento deve abrir caminho para o maior desenvolvimento de produtos customizáveis, onde as linhas flexíveis são essenciais. Além disso, a utilização da prototipagem rápida, impressão 3D e similares, outra tecnologia importante para customização, teve aumento em sua utilização. Em 2016, até 5% das empresas utilizavam essa tecnologia, hoje são 16%.
A complexidade das tecnologias digitais tem efeito em sua adoção. Por exemplo, as tecnologias com uso de inteligência artificial, como design assistido por inteligência artificial (4%) e aplicações de inteligência artificial para soluções na fábrica (9%), estão entre as menos adotadas, independentemente do porte de empresa.
Conclusão
A indústria 4.0 está em franca expansão em todo o mundo e é, certamente, o futuro das indústrias em nível global, acompanhando o processo de inovação trazido pelas mais recentes tecnologias, como Internet das Coisas Industrial (IIoT), Big Data, IA e outras.
A pesquisa mostra alguns setores específicos da indústria nacional que estão se modernizando em direção às tecnologias digitais. Mas são ainda ilhas de excelência tecnológica no sistema industrial brasileiro e não refletem a média das empresas do país, que, na verdade, ainda não incorporaram tecnologias da 3ª Revolução Industrial, ou seja, utilizam pouca automação e pouca informática. Mas a pandemia forçou algumas empresas a avançar para a transição.
No entanto, mesmo com esses percalços, é fundamental o investimento e o fomento à digitalização industrial, visto que é preciso alinhar-se ao mundo para que a indústria nacional cresça e se desenvolva.
Com o avanço do 5G no Brasil, as manufaturas caminharão para um futuro totalmente inovador e conectado. Tudo indica que essa tecnologia (5G) chegará para transformar o cotidiano das fábricas, otimizar todos os processos das empresas e acelerar o processo de implementação da indústria 4.0 no país.