Indústria 4.0: o que são Indtechs e como elas aceleram a transformação digital das manufaturas
O mundo, definitivamente, está em um caminho sem volta rumo à Indústria 4.0. Ou seja, rumo a uma completa descentralização do controle dos processos produtivos graças à proliferação de dispositivos inteligentes.
É o caminho natural para aumentar a competitividade e a produtividade do setor.
Só que, neste processo, o Brasil ainda está alguns passos atrás…
O Brasil possui aproximadamente 700 mil indústrias, no entanto apenas 1,6% desse total já aderiu a indústria 4.0 – Fonte: CNI
O atraso brasileiro diante da integração das tecnologias físicas e digitais em todas as etapas de desenvolvimento de um produto é evidente.
Mas a boa notícia é que, por outro lado, o país encontra-se num momento de transição importante e extremamente sensível para a adoção de uma nova forma de inovar: a conexão com Indtechs pela indústria tradicional.
Segunda pesquisa Distrito Indústria 4.0 Report 2021, mapeamento inédito do segmento realizado pela plataforma de inovação Distrito as Indtechs levantaram em 2020, US$ 61,51 milhões em investimentos.
Um crescimento de 427% em relação ao ano anterior.
Mas afinal o que são Indtechs ?
De forma simples e objetiva, podemos dizer que Indtechs são startups que trabalham com tecnologias digitais focadas em soluções para a indústria 4.0
De forma bastante simples, é possível dizer que as Indtechs estão transformando fábricas tradicionais em negócios inteligentes. Com esse novo desenvolvimento, se tornam mais eficientes, seja com processos mais enxutos ou interligadas à sua cadeia de suprimentos.
Como as Indtechs atuam nas mudanças dos processos da indústria 4.0?
A atuação das Indtechs se divide em quatro clusters de tecnologia de ponta. Cada um deles engloba nichos específicos com foco em tecnologias habilitadoras da indústria 4.0.
Há, por exemplo, um cluster voltado ao estudo e à criação de soluções ligadas à manufatura de alta performance. Aqui, o foco consiste em apresentar soluções atreladas ao melhor aproveitamento energético, à biotecnologia e ao uso de materiais avançados, como os cada vez mais valiosos semicondutores.
Já os clusters de poder computacional são aqueles direcionados ao blockchain, à nuvem e à IoT. O blockchain, inclusive, tem sido fundamental para preservar a integridade de dados relativos à produção e à distribuição. Desse modo, é possível proporcionar muito mais segurança na hora de repassar informações aos fornecedores, por exemplo.
Um terceiro cluster concentra os esforços na área de realidade virtual e aumentada, além de dialogar com soluções de robótica. Por fim, temos finalmente o cluster com Indtechs inteiramente dedicadas à IA. Além do já citado advanced analytics e da própria automação industrial, é importante ter em mente que esse cluster também está vinculado ao progresso da visão computacional.
Como as Indtechs aceleram a implementação da indústria 4.0?
Pautadas em modelos de gestão ágeis, equipes multidisciplinares e infraestrutura adequada, as Indtechs são praticamente imprescindíveis para o salto da indústria 4.0. Isso, inclusive, não vale somente para firmar parcerias de negócios, mas igualmente para absorver o bom exemplo.
Não à toa, empresas com décadas de existência e gigantes em seus segmentos, como a GE, replicaram métodos difundidos principalmente por Indtechs. Isso acontece principalmente com relação aos métodos de gestão, o que evidencia que a transformação precisa ser incorporada a múltiplos processos.
Por sinal, essencialmente para organizações acostumadas com outros padrões de produção, inovar se torna algo difícil, além de exigir a injeção de recursos em diferentes tipos de inovação. Fazer tudo isso em simultâneo, em que se mantém a linha produtiva em curso, é um desafio que tende a inviabilizar a realização das medidas necessárias. Nessas circunstâncias, a empresa corre o risco de “patinar”, permanecendo em estado de inércia.
Soma-se a isso que o ritmo das mudanças tecnológicas está cada vez mais acelerado, o que também dificulta o seu acompanhamento de perto. A solução para todos esses entraves consiste na busca de ajuda externa qualificada.
Nessa linha de raciocínio, vale a pena considerar, por exemplo, a montagem de um ecossistema de inovação aberta com Indtechs. A partir de seus diferentes clusters de atuação, elas podem prover soluções que abrangem toda a cadeia produtiva da indústria.
Com um bom plano de transição e aprimoramento dos processos industriais 4.0, a organização economiza tempo e dinheiro, enquanto fortalece a sua vantagem competitiva no mercado.
Vivemos um momento de baixa histórica da participação industrial no PIB do Brasil. Nesse contexto, a inovação aberta pode ser um catalisador para a digitalização da indústria brasileira, recuperando a capacidade produtiva do país.
Obstáculos para a aproximação entre Indtechs e a indústria
Talvez o maior empecilho para que ocorra a conexão com Indtechs seja a aversão da indústria ao risco. Enquanto uma Indtech assume 100% do risco do negócio, os segmentos da indústria preferem manter métodos de gestão antigos, desatualizados, na base do “em time que está ganhando, não se mexe”. O problema é que, quando se mexe, o time pode ganhar muito mais.
Outro obstáculo é o fato de que os programas de apoio existentes não procuram um comprometimento real das empresas. Acredito que esse comprometimento deve ser encarado como uma relação comercial entre as partes. Entidades como a ABDI, o SENAI, a CNI tem se posicionado para partilhar esse risco com as indústrias para que os gestores de inovação, por meio de cases de sucesso, consigam sensibilizar o seu board sobre o risco associado a projetos e programas de inovação e o ganho de valor para a manutenção da competitividade no presente e para enfrentar os desafios futuros.
As Indtechs não devem estar preocupadas com a simples venda do seu produto, por mais disruptivo que seja, mas, sim, com a identificação dos problemas e das demandas das indústrias. Por isso, devem co-desenvolver soluções que, ao mesmo tempo, tragam novas tecnologias, processos, mindsets, metodologias, modelos de negócios em uma relação de troca com a indústria.
Quais são as 10 Indtechs mais atrativas na indústria em 2022?
Desde 2016, a 100 Open Startups, plataforma internacional de conexão entre corporações e startups, anuncia o Ranking 100 Open Startups 2022, que reconhece as startups mais atraentes para o mercado corporativo no país. Como nas edições anteriores, além das TOP 100, também foram reconhecidas as líderes em 30 categorias de mercado.
Entre as Indtechs, a Open registrou 220 startups com contratos validados de inovação aberta com corporações, um crescimento de 75% em relação a 2021.
Confira também 30 Indtechs com foco em gestão e otimização da produção no setor industrial
Como firmar parcerias com Indtechs para modernizar processos industriais?
Sem as Indtechs, está claro que a transformação digital e a transição das empresas para a indústria 4.0 seriam muito mais lentas. Mas como estabelecer essas parcerias tão importantes? Existem alguns aspectos que devem ser levados em consideração, como:
- determinar os modelos de parceria aplicáveis, que podem extrapolar o processo industrial em si — cocriação de soluções, co-branding, white label, redes de distribuição ou hubs tecnológicos;
- buscar vantagens mútuas;
- verificar qual é o estágio de desenvolvimento no qual a Indtech desejada se encontra;
- confirmar a robustez da rede de proteção de dados usada por ela.
Profundamente conectadas ao panorama de inovação industrial, as Indtechs desempenham um papel altamente relevante para o avanço dos processos industriais 4.0. Resta encontrar qual é a melhor maneira de firmar uma parceria que seja duradoura e benéfica para ambas as partes.