Indústria 5.0: As pazes entre a máquina e o homem
Nos últimos anos, a Indústria 5.0 vem sendo discutida e apontada como uma espécie de “retorno ao humano” para os meios de produção. Entretanto, não faz muito tempo que a Indústria 4.0 ganhou destaque, o que faz com que muitas pessoas questionem se realmente já existe outra transformação industrial em curso.
Sob certas perspectivas, a resposta para essa pergunta é um enfático “sim”. Enquanto a Indústria 4.0 se tornou possível graças às tecnologias digitais e automatizou cada vez mais os seus processos, a Indústria 5.0 visa reunir a revolução dos meios de produção digitalizados com o toque humano, que muitos estudiosos acreditam ter se perdido em meio às evoluções tecnológicas.
O que é indústria 5.0?
A indústria 5.0 é a reumanização da corrida pela automação total. É o reconhecimento de que os avanços robóticos, digitais e de automatização, bem como que o questionamento, os insights, a inovação e potencial criativo do ser humano são de igual valor no processo de fabricação.
Sim, faz pouco mais de dez anos que nós começamos a discutir os efeitos da Indústria 4.0. E hoje já falamos de uma nova mudança, a Indústria 5.0.
É que a Indústria 5.0 é a evolução natural da Indústria 4.0, que ainda domina o mundo das pequenas e médias empresas.
A nova era industrial origina-se do desenvolvimento de tecnologias 4.0, em particular nas áreas de ICT (Tecnologias da Informação e Comunicação), IA (Inteligência Artificial) e robótica.
Juntas, elas estão levando à criação e consolidação do que chamamos de CPS (Cyber Physical System ou sistemas ciberfísicos), bem como de dispositivos IoT cada vez mais poderosos.
A indústria 5.0 é caracterizada pela união das máquinas e seres humanos, com o objetivo final de dar valor agregado à produção, criando produtos personalizados e capazes de atender às necessidades específicas dos clientes.
Imagem: site stylourbano
Quais são as tecnologias e os impactos da Indústria 5.0?
O bom funcionamento da Indústria 5.0 depende de uma série de fatores para atingir o seu potencial tecnológico e cognitivo. Algumas ainda estão em construção e têm como foco o desenvolvimento de estratégias e operações.
- Biotecnologia;
- Dark Analytics;
- Nanotecnologia;
- Edge Computing;
- Machine Learning;
- Manufatura aditiva;
- Robótica avançada;
- Business Intelligence;
- Computação quântica;
- IOT – Internet of Things;
- IA – Inteligência Artificial;
- Cobots – Robôs colaborativos;
Qual é o objetivo da indústria 5.0?
O objetivo principal da Indústria 5.0 é de criar valor para além dos resultados financeiros. Trata-se da transformação da indústria em um vetor de qualidade de vida e sustentabilidade.
E isso é aplicado para toda sociedade, não apenas para quem está envolvido no processo de fabricação.
A Indústria 5.0 busca colocar as pessoas no centro dos processos, aprimorando os seguintes aspectos da vida:
- Inclusão
- Sustentabilidade
- Qualidade de vida
É por isso que vemos tanto iniciativas 4.0 como 5.0 acontecendo ao mesmo tempo.
Conceitualmente, não são conteúdos opostos ou com características geracionais (onde um acaba, o outro começa).
Na verdade, trata-se de uma imersão entre ambos, capaz de transformar a sociedade aos poucos, em um movimento que tem início em um de seus pilares: a indústria.
Foi algo que um estudo, comissionado pela European Comission, identificou:
De acordo com o estudo, a indústria tem potencial “para atingir objetivos sociais além de empregos e crescimento para se tornar um provedor resiliente de prosperidade, fazendo com que a produção respeite os limites de nosso planeta e colocando o bem-estar do trabalhador industrial no centro do processo de produção”.
Clique aqui para acessar gratuitamente os meus dois e-books sobre indústria 4.0
Caso prático de aplicação de indústria 5.0
Quando se trata de robôs industriais convencionais, a tarefa só é feita a partir de longos e extenuantes esforços de programação. No entanto, quando se trata da robótica colaborativa, é possível que tecnologia e trabalhadores humanos trabalhem em sincronia.
Essas duas forças se complementam e prosperam juntas, pois o humano pode adicionar o chamado “algo especial”, enquanto o robô processa o produto e o prepara para a atenção humana. Dessa maneira, o colaborador é capacitado e usa o cobot como uma ferramenta multifuncional: como uma chave de fenda, dispositivo de embalagem, paletizador etc. Ou seja, no contexto da indústria 5.0, o robô não se destina a substituir a força de trabalho humana, mas a assumir tarefas árduas ou até perigosas.
Assim, os profissionais humanos podem usar sua criatividade para se dedicar a projetos mais complexos. “Já economizamos três anos-homem de trabalho monótono graças aos nossos dois UR5”, diz Sigurdur Runar Fridjonsson, diretor da Mjolkursamsalan Akureyri, maior produtora de laticínios da Islândia.
Na Paradigm Electronics, em Toronto, Canadá, um robô UR10 trabalha lado a lado com o funcionário que cuida do polimento dos gabinetes de alto-falantes:
“Os robôs colaborativos são uma nova tecnologia que nos permite ter um humano e um robô trabalhando no mesmo espaço de trabalho. Agora eles estão trabalhando em um tipo de pêndulo de uma operação onde podem interagir com segurança, permitindo que o humano verifique se o robô fez uma quantidade adequada de trabalho antes que o polimento final seja entregue. É um tipo de operação muito prática.”
JOHN PHILLIPS – Gerente sênior de serviços de produção da Paradigm
Obviamente, isso significa que os robôs colaborativos precisam ter certas características: eles precisam ser flexíveis, facilmente programáveis e seguros. Somente se essas pré-condições forem atendidas, uma verdadeira colaboração entre humanos e robôs poderá ocorrer e prosperar.
Como investir na adaptação do seu negócio pra indústria 5.0?
A adaptação de um negócio à indústria 5.0 passa pela adesão a novas tecnologias em todos os processos, mas deve principalmente se preocupar com a preparação dos colaboradores. Algumas maneiras de fazer isso são:
- adaptar a cultura empresarial aos novos valores;
- mudar o mindset, passando a enxergar a formação e treinamento da equipe como um investimento e não um custo;
- investir na alfabetização digital dos funcionários em todos os níveis, pra que seja possível trabalhar com as novas tecnologias;
- tomar decisões baseadas em dados;
- tornar os processos de seleção mais inclusivos e voltados a encontrar o diferencial humano de cada indivíduo;
- inovar constantemente;
- trabalhar a liderança como ferramenta de desenvolvimento e fonte de segurança pro time;
- desenvolver em si, nos gestores e nos colaboradores capacidades como: comunicação assertiva, adaptabilidade ágil e habilidade de lidar com a crescente complexidade no mundo do trabalho;
- considerar os impactos sociais e ambientais dos processos indústrias e atuar pra minimizar seus efeitos negativos;
- investir em cibersegurança.
A indústria 5.0 é a última e atual era do desenvolvimento empresarial. Mais que uma evolução tecnológica, esse é um período caracterizado por equilibrar a participação de pessoas e máquinas no ambiente de trabalho, obtendo o melhor dos diferenciais de cada um em prol dos resultados de negócio. Assim, se adaptar é fundamental pra se manter no mercado.