Machine as a Service: o que é e quais são os benefícios deste novo modelo de negócio para a indústria
Com a pandemia da Covid-19, as empresas e indústrias tiveram de se adaptar às novas demandas e limitações para produção e entrega de produtos. Esses dilemas criaram a necessidade de grandes avanços na indústria tecnológica e novas oportunidades de negócio.
O “Machine as a Service” ou “Máquina como Serviço” (MaaS), é o mais novo modelo de negócio da indústria 4.0 com foco na acessibilidade dos maquinários de alta tecnologia. Visando a otimização e o aumento da produtividade no chão de fábrica, esse serviço garante ao empresário máquinas de ponta por um baixo investimento inicial.
Por que utilizar o modelo de “Machine as a Service”?
Nos primeiros anos de uso, os dados de uma máquina, quando coletados, estavam limitados aos dados de saída e eram usados para determinar a qualidade do produto, programação e cálculos financeiros. Embora isso garantisse que os fabricantes pudessem calcular o lucro dos ciclos de produção, os dados coletados não forneciam informações como: integridade, melhoraria do projeto e capacidade operacional da máquina. Isso significava que tanto os fabricantes das máquinas (OEMs) quanto os usuários finais estavam voando às cegas em relação à compreensão do verdadeiro desempenho do equipamento.
Com a indústria 4.0, surgiram novas formas de avaliar as máquinas e as operações inteiras. Essas novas formas são alimentadas por IIoT, plataformas de IoT, computação em nuvem e edge computing, dentre outras. Essas tecnologias inter-relacionadas trazem interconectividade ao chão de fábrica e agora abrem novas possibilidades para que os OEMs forneçam os seus em modalidades diferentes para os seus clientes finais.
MaaS pode ser definido como uma mudança de paradigma na forma como os OEMs projetam equipamentos com manufatura inteligente em mente e foco no fornecimento de máquinas como um serviço em vez de um produto.
Dentro desta definição, existem dois tipos de modelos de MaaS “Machine as a Service” a serem aproveitados. Esses modelos incluem:
Modelo 1 – Essa modalidade envolve OEMs fornecendo equipamentos para empresas por meio de um modelo baseado em assinatura. Neste caso, o equipamento está localizado nas instalações do assinante, o cliente final. O OEM aluga a máquina por um período especificado e a taxa de assinatura cobrirá as tarefas de manutenção e reparo que deixam a atualização do software e a substituição de peças de reposição nas mãos do próprio OEM. Como retorno, o OEM será o proprietário dos dados do equipamento e os usará para pesquisa e desenvolvimento, para manutenção preditiva ou para qualquer outra finalidade.
Modelo 2 – A segunda modalidade envolve clientes-finais, donos de máquinas específicas, sublocando seus equipamentos para outras empresas por períodos específicos. O retorno para o provedor de serviços inclui pagamentos de assinaturas, dados de máquina ou, em alguns casos, uma porcentagem das vendas finais realizadas.
Os benefícios do “Machine as a Service” para os OEMs
Os OEMs que se tornaram provedores de serviços têm muito a ganhar com o MaaS. Esses benefícios combinam uma nova maneira de gerar receita e um assento na primeira fila para testemunhar como a fábrica inteligente evolui. Algumas das propostas de valor agregado do MaaS incluem:
Melhorias no Design das Máquinas – Os dados coletados em campo através de tecnologias como nuvem, big data, IoT e IA são enviados diretamente aos OEMs. Esse “feedback” das máquinas traz insights que viabilizam melhorias em recursos, capacidade e operações dos equipamentos.
Desenvolvimento de Estratégias para Manutenção Preditiva – Um dos ganhos esperados da manufatura inteligente é a manutenção preditiva. O MaaS oferece oportunidades para OEMs projetarem equipamentos e integrarem regulamentos de manutenção preditiva dentro deles imediatamente. Nesse caso, os dados históricos coletados de usos e falhas anteriores de equipamentos servem como as informações necessárias para projetar uma estratégia de manutenção preditiva para os equipamentos projetados.
Novas Receitas – O MaaS cria oportunidades para novas e recorrentes receitas tanto para os OEMs quanto para clientes finais que desejam sublocar suas máquinas que permanecem inativos após a conclusão de um ciclo de produção para terceiros que necessitem de tais serviço. Além disso, no caso dos OEMs, o estoque restante pode ser transformado em fluxos de receita, oferecendo às PMEs de manufatura planos de assinatura adequados às suas capacidades financeiras.
Os benefícios do “Machine as a Service” para os clientes finais
O usuário final em cada modelo MaaS é o fabricante ou a parte que usa o equipamento para atividades relacionadas à produção. Nesse caso, os benefícios do MaaS para o usuário final incluem:
Despesas de capital reduzidas – A compra de equipamentos de fabricação é uma despesa de capital intensivo com a qual muitos fabricantes lutam. Tradicionalmente, as PMEs lidam com esses custos mais altos terceirizando componentes específicos para fabricantes contratados, o que os deixa sem controle do processo de fabricação. O MaaS oferece uma oportunidade de transformar CapEx em OpEX, garantindo que a PME permaneça responsável pelo processo de produção e pela qualidade dos produtos fabricados.
Maior confiabilidade de dados – O MaaS também envolve fornecer dados de referência de equipamentos e produção aos OEMs para ajudar a otimizar a utilização e a produtividade da máquina. A precisão dos dados de referência pode convencer as PMEs a integrar estratégias orientadas por dados que otimizem a produtividade.
Menores Custos Operacionais – No MaaS, a tarefa de manutenção de equipamentos de fabricação, atualização de software, firmware ou hardware é de responsabilidade do prestador de serviço. Isso reduz as despesas operacionais dos fabricantes e ajuda as PMEs a se concentrarem em suas principais responsabilidades de fabricação do produto final.
Como os OEMs podem dar o pontapé inicial em sua transformação e levá-la à escala
Essencialmente, existem quatro áreas principais nas quais os OEMs precisam atender para construir e dimensionar o seu modelo de MaaS
- Oferta de serviço (quais serviços específicos devem fazer parte do pacote de valor?)
- Leasing e modelo financeiro (como os ativos devem ser refinanciados se nenhum pagamento antecipado do preço do equipamento for cobrado?)
- Operações e TI (como as diferentes tecnologias, como manutenção preditiva, são integradas para orientar de maneira ideal as operações e a manutenção?)
- Cobrança e faturamento (Quais mudanças são necessárias para mover o sistema de faturamento atual de um negócio focado em ativos para um negócio focado em soluções?)
As configurações específicas dessas quatro dimensões dependem da respectiva organização e se o foco atual é: Criar um modelo MaaS ou dimensionar um negócio MaaS existente.
As indústrias que usam o “Machine as a Service”
Algumas indústrias que fornecem equipamentos de escritório, motores a jato e dispositivos médicos já têm usado o MaaS.
A Rolls Royce, por exemplo, oferece aos clientes opções que envolvem o pagamento de uma hora fixa de operação de uma máquina, em vez de comprar a máquina.
Muitas pessoas estão familiarizadas com um tipo de máquina como modelo de serviço. Por exemplo, em vez de comprar equipamentos de impressão de alta especificação para si mesmos, eles podem pagar pelo uso de uma impressora ou fotocopiadora em uma loja de impressão digital.
O “Machine as a Service” no Brasil
No webinar apresentado pela Indústria Xperience, plataforma digital da FEIMEC, Servitização de Máquinas- Ferramenta, Douglas Pedro de Alcântara, CTO da Romi, trouxe o caso da empresa, que demonstra o Machine as a Service (MaaS), em que o cliente aluga o equipamento conforme as especificidades que necessita.
Inicialmente, o projeto apresentou o conceito como uma franquia com uso de horas. Segundo Alcântara, o MaaS proporciona diagnóstico e manutenção remotos, redução de custos, e a possibilidade de gerenciamento da máquina pelo fornecedor para que o usuário final seja devidamente orientado quanto à utilização.
“O conceito Machine as a Service (MaaS) não é uma substituição ao mercado de venda de máquinas, é só uma opção para que se consiga diminuir a idade média das máquinas do Brasil, que reflete na produtividade”, disse o CTO da Romi.
Hoje o parque fabril brasileiro é bastante antigo e, do ponto de vista da produtividade, o ideal é que ele fosse renovado a cada seis anos. Contudo, do ponto de vista ambiental, esta solução não é sustentável, sendo que, neste modelo MaaS, é substituído apenas o que foi desgastado e o ciclo de vida do produto será maior.
A Indústria Xperience é uma plataforma que reúne, em um único ambiente, negócios, conteúdo e networking, consolidando todo o segmento industrial em um mesmo ambiente virtual, aumentando, assim, as possibilidades de negócio e de troca de conhecimento.
Webinar Indústria Xperience – Servitização de Máquinas-Ferramenta disponível on demand pelo site.