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Mercado de robótica deve atingir US$ 150 bilhões em duas décadas

Nos últimos anos, testemunhamos um crescimento exponencial na presença e aplicação da tecnologia robótica na indústria. Segundo o IDTechEx, o mercado de robótica móvel em logística e entrega deverá se aproximar de US$ 150 bilhões, destacado por um crescimento anual nas próximas duas décadas.

Os setores manufatureiros serão os principais beneficiários dessa evolução, com a otimização de processos, redução de erros e aumento da eficiência como principais vantagens. Com a automação já consolidada em diversas linhas de produção, a expectativa é que os robôs industriais passem a desempenhar papéis ainda mais significativos.

Prevê-se que, até 2030, esses sistemas evoluam para serem mais adaptáveis, inteligentes e colaborativos, integrando-se ainda mais com os humanos no ambiente de trabalho. As fábricas do futuro tendem a ser impulsionadas pela interconectividade dos robôs e pela inteligência artificial, resultando em cadeias de produção ágeis e flexíveis.

A IDTechEx prevê que o tamanho anual do mercado de Robô Móvel Autônomo (AMRs) para intralogística poderá ter um aumento de 52 vezes até 2044, em comparação com 2023. O mercado global de robôs de serviços deve ultrapassar os 70 milhões de dólares até 2032. A próxima década se apresenta como um período promissor para a indústria robótica, seja na evolução dos sistemas autônomos, na colaboração homem-máquina ou nas transformações sociais e econômicas.

A Robótica no Brasil

O consumo de robôs na indústria de manufatura do Brasil, quando comparado a outros países, especialmente aqueles com economias mais desenvolvidas e setores industriais avançados, é relativamente baixo. Existem várias razões para isso, que incluem, mas não se limitam a:

  1. Investimento Inicial e Custo: O custo inicial para adquirir e implementar robótica e automação em operações de manufatura pode ser significativo. Empresas no Brasil podem ter menos capital disponível para investir em tecnologia avançada devido a limitações financeiras ou incertezas econômicas.
  2. Mão de Obra Barata: Historicamente, a mão de obra no Brasil tem sido mais acessível em comparação com países desenvolvidos. Isso pode reduzir o incentivo para investir em automação, que é frequentemente vista como uma maneira de reduzir custos com trabalho.
  3. Infraestrutura e Suporte Técnico: A implementação eficaz de sistemas robóticos avançados exige uma infraestrutura de suporte robusta, incluindo acesso a serviços de manutenção e reparo, bem como treinamento técnico. No Brasil, esses serviços podem ser menos acessíveis ou mais caros do que em países com indústrias de automação mais estabelecidas.
  4. Cultura de Inovação e Adoção Tecnológica: A velocidade com que a nova tecnologia é adotada pode variar significativamente entre diferentes países, influenciada por fatores culturais, econômicos e regulatórios. Países como a Alemanha, Japão, e Coreia do Sul têm culturas industriais que fortemente valorizam a inovação e a eficiência, levando a uma adoção mais rápida e ampla da robótica na manufatura.
  5. Foco na Indústria: O setor de manufatura no Brasil é diversificado, mas pode concentrar-se menos em setores de alta tecnologia, que tradicionalmente fazem uso mais intensivo de robótica, como a automotiva e eletrônica, comparativamente a países como a China, que se tornou o maior mercado mundial de robôs industriais.

Dados da Federação Internacional de Robótica (IFR) frequentemente ilustram essas diferenças. Por exemplo, a densidade de robôs (número de robôs por 10.000 trabalhadores na manufatura) é um indicador comumente usado para comparar o uso de robótica entre os países. Países com economias altamente automatizadas, como Coreia do Sul, Singapura, Japão e Alemanha, lideram esses rankings, enquanto o Brasil tem uma densidade de robôs significativamente mais baixa.

Desafios da Robótica no Brasil

O levantamento da Federação Internacional de Robótica sobre robôs no Brasil apontava que, em 2017, o Brasil tinha 12.373 robôs industriais, sendo responsável por 0,6% dos robôs instalados no mundo e, com isso, ocupando a 18ª posiçãono ranking de nações mais automatizadas.

Para alguns especialistas, segundo reportagem da VDI (Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha), os valores ainda estão muito abaixo do que o Brasil poderia ou deveria ter em termos de capacidade de automação.

Esses especialistas apontaram que muito ainda se concentra em aplicações de solda, manuseio ou montagem na indústria automotiva – sendo que mesmo esse setor, sempre capaz de impulsionar as inovações tecnológicas nas nações, está aquém do ideal.

“O consumo de robôs no Brasil sempre foi muito aquém do que deveria ser em termos de tamanho de país. Por exemplo, a Turquia. É um país menor que o nosso, com um mercado menor que o nosso – que temos 210 milhões de habitantes -, mas lá a base instalada é maior e está se vendendo mais robôs do que aqui. No México, o mercado de robótica é o dobro do nosso. Comparativamente, a Argentina tem mais robôs que o Brasil. Nos Estados Unidos, onde está em curso o processo de reshoring e existe falta de mão de obra qualificada, nunca se vendeu tantos robôs como nos últimos dois anos”, enfatiza, Edouard Mekhalian, ex CEO da Kuka, em entrevista para a Usinagem-Brasil.

Robótica no Brasil com Cobots

O primeiro cobot foi apresentado ao mundo em 2005 pela Universal Robots e a primeira unidade instalada ocorreu no ano de 2008. Desde então, vem tomando cada vez mais espaço nas indústrias ao redor do planeta.

O objetivo dos robôs colaborativos é tornar a automação industrial mais acessível e inteligente, integrando e automatizando processos que normalmente são delegados a humanos.

Dessa forma, a automação libera os trabalhadores para tarefas mais significativas e de maior custo-benefício para a linha de produção, empoderando a mão de obra e garantindo maior satisfação dos profissionais.

O relatório World Robotics Report 2021 da International Federation of Robotics mostrou que, no Brasil, as instalações de novos robôs diminuíram 13%, chegando a 1595 novas unidades. Comparado a 2015, isso significa um crescimento anual de 3% (CAGR).

Ou seja, o país segue lento na adoção de robótica industrial devido a diversos fatores.

Conclusão

À medida que a indústria robótica se expande globalmente, fica claro que estamos no limiar de uma nova era de eficiência e inovação. A colaboração entre tecnologias avançadas promete revolucionar os processos industriais.

Contudo, esse avanço exige uma abordagem cuidadosa para garantir que o progresso seja acompanhado por uma transição equitativa e pelo reconhecimento contínuo do papel humano nesse cenário em evolução.

A escassez de dados concretos sobre a implementação da robótica na indústria brasileira reflete, em parte, o modesto registro de informações nesse âmbito. Além disso, o uso limitado de tecnologia avançada nos segmentos industriais do Brasil evidencia como a robótica começou a ganhar terreno no país apenas nas últimas décadas do século XX, permanecendo predominantemente nas mãos de grandes corporações, sobretudo no ramo automobilístico.

Essa situação destaca um vasto campo ainda inexplorado – e uma oportunidade significativa – para o avanço industrial do Brasil por meio da automação e da indústria 4.0.

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