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Nova era industrial: Como a neoindustrialização pode reverter a desindustrialização brasileira

A neoindustrialização é o processo de modernização e evolução da indústria, enfatizando inovação, compromisso ambiental e integração com cadeias produtivas internacionais.

Ela está inserida em um contexto global de políticas industriais modernas, muitas vezes orientadas por missões, que são estratégias que buscam trazer respostas aos grandes desafios de nossa sociedade, como o combate às mudanças climáticas ou acesso à saúde de qualidade.

Desindustrialização no Brasil

Historicamente, o Brasil passou por diferentes fases de desenvolvimento industrial, com períodos de expansão e estagnação.

Em meados da década de 80, a indústria representava quase 36% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de acordo com o FGV Ibre. Mas, em 2023, o setor respondeu por 23,9% de toda a riqueza produzida pelo país. A esse processo dão o nome de desindustrializaçãoda economia brasileira.

Se entre os anos 50 e 80, a indústria brasileira se expandiu, nas últimas quatro décadas  —  tendo como parâmetro a participação do setor no PIB – houve queda da atividade, seguida por estagnação.

A neoindustrialização busca reverter a acentuada desindustrialização das últimas décadas e aumentar a competitividade da indústria nos mercados nacionais e internacionais, tornando-a mais inovadora, eficiente, sustentável e integrada ao comércio internacional. Esse conceito está ligado a esforços para impulsionar o crescimento econômico sustentado e criar empregos de qualidade no Brasil.

Principais pilares da neoindustrialização

São pontos fundamentais para o processo de neoindustrialização:

1 – Tecnologia: investimentos em tecnologia e inovação para aumentar a eficiência da produção, além da adoção de tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0, como a Internet das Coisas (IoT), a inteligência artificial (IA) e a automação, para melhorar a eficiência e a competitividade da indústria brasileira em escala global.

2- Estrutura Industrial: busca pela maior participação de setores de maior complexidade, mais intensivos em tecnologia, em geral, produtores de bens de capital ou de consumo duráveis, que respondam aos desafios atuais da sociedade.

3- Qualificação da força de trabalho: investimentos em educação, treinamento e requalificação. A mão de obra brasileira precisa estar apta para trabalhar em indústrias modernas e tecnologicamente avançadas.

4 – Políticas industriais: implementação de políticas públicas que busquem promover o desenvolvimento industrial a fim de atender aos desafios da sociedade, focadas em ciência, tecnologia e inovação para aumentar a integração ao mercado internacional e responder às megatendências mundiais.

5 – Sustentabilidade e responsabilidade social: no mundo há crescente ênfase na sustentabilidade e na responsabilidade social das indústrias. Empresas estão adotando práticas mais sustentáveis e éticas em suas operações, alinhadas com uma economia de baixo carbono.

6 – Integração global: fomentar a integração da indústria brasileira nas cadeias de valor globais, facilitando a exportação de produtos e a importação de tecnologias avançadas.

Ações para promover a neoindustrialização no Brasil

A neoindustrialização representa uma importante oportunidade para o Brasil redefinir sua trajetória econômica e social. Ao alinhar-se às demandas globais por produtos mais limpos e sustentáveis, o país pode não apenas revitalizar sua indústria, mas também posicionar-se como líder global em inovação e sustentabilidade.

Confira cinco eixos para impulsionar a neoindustrialização no Brasil:

  • Economia Verde: a transição para uma economia verde é vista como uma oportunidade estratégica para o Brasil. A produção de bens mais sustentáveis, como fertilizantes sustentáveis, biogás, etanol, hidrogênio verde e baterias elétricas limpas, pode posicionar o país como líder global em sustentabilidade. O país também tem grande potencial para atrair plantas industriais em busca de energia limpa, segura, barata e abundante, considerando a corrida mundial para reduzir as emissões de carbono e combater o aquecimento global.
  • Inovação e Tecnologia: foco na inovação e na adoção de tecnologias avançadas. O Brasil já tem iniciativas em andamento, como o Brasil Mais Produtivo, Centros de Tecnologia e linhas de crédito voltadas à inovação e adoção de novas tecnologias da Indústria 4.0. É necessário o acompanhamento e estímulo dessas políticas, alinhadas com os objetivos das missões definidas pelo governo.
  • Políticas Públicas e Investimentos: Adoção de políticas industriais com visão sistêmica, com foco na ciência, tecnologia e inovação e que busquem resolver os desafios da sociedade, com direcionamento dos investimentos para esses problemas, aliadas ao combate do Custo Brasil.
  • Rearranjo das cadeias globais de valor: aqui entra o conceito de “powershoring”, que se refere à relocalização de cadeias produtivas globais para países com fontes abundantes de produção de energia limpa, como é o caso do Brasil. O país pode aproveitar essa oportunidade aberta pela corrida mundial para reduzir as emissões de carbono e combater o aquecimento global, para atrair investimentos e aumentar sua integração às cadeias globais de valor.
  • Parcerias e Diálogo: a colaboração entre o setor público e privado é essencial para o sucesso da neoindustrialização. Instituições como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) têm desempenhado um papel crucial no fomento ao diálogo e na construção de parcerias estratégicas.

Vantagens da reindustrialização da economia brasileira

A neoindustrialização pode trazer diversas vantagens para o país, como:

  • Aumentar a produtividade e a competitividade da economia brasileira, diversificando as exportações e reduzindo a vulnerabilidade aos preços internacionais.
  • Promover o desenvolvimento tecnológico e científico, incentivando o investimento em pesquisa e inovação nos setores industriais.
  • Fortalecer o agronegócio, criando uma cadeia de suprimentos que reduza a dependência externa de fertilizantes e estimule a exportação de maquinário agrícola.
  • Contribuir para a implementação de uma economia verde, baseada na redução das emissões de gases de efeito estufa e no uso de energias renováveis.

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